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Registo de autoridade
Escultor

Maya, Ernesto do Canto Faria e. 1890-1981, escultor.

  • PT-ECM
  • Pessoa singular
  • 1890-1981

Ernesto do Canto Faria e Maia nasceu em 1890, em Ponta Delgada (São Miguel, Açores) numa família culta e abastada. Apesar de um certo isolamento causado eventualmente pelo ambiente insular, a sua formação inicial acompanha as tendências mais actualizadas, devido ao ambiente familiar intelectual e à acessibilidade a contactos e publicações provenientes dos principais centros europeus. Em 1907, após concluir o liceu, Canto da Maia parte para Lisboa e matricula-se no Curso Geral de Desenho da Escola de Belas-Artes, tendo como professores Ernesto Condeixa, José Luís Monteiro e José Alexandre Soares. Depois de concluir esta formação em 1911, inscreve-se no curso de Arquitectura Civil, que abandona logo no primeiro ano. Em 1912, Canto da Maia participa no I Salão dos Humoristas Portugueses, apresentando um conjunto de pequenas estatuetas humorísticas de modelação espontânea que evocam com um olhar crítico a frivolidade do quotidiano urbano e das grandes metrópoles. Distante do gosto do público e das práticas académicas, nesse ano parte para Paris, onde será aluno de Antoni Mercier (na Escola de Belas-Artes de Paris) e de Antoine Bourdelle (na Academia da Grand Chaumiére). Na capital francesa o escultor continua a produzir peças caracterizadas pelo gosto satírico, como On aime les chiens, Être chic…c’est la seule qualité de cette femme ou Ceux qui on le temps de se promener, obras que serão expostas no Salão dos Humoristas (Paris, 1913) e enviadas para Lisboa para integrarem a II Exposição dos Humoristas Portugueses. Interessado em estagiar com James Vibert, escultor simbolista, Canto da Maia começa a frequentar a Escola de Belas-Artes de Genebra em 1914. Aí desenvolve um estilo escultórico que se aproxima progressivamente da arte nova, então muito divulgada na Europa, rompendo definitivamente com os valores académicos através da concepção de obras marcadas pelas estruturas tensas e energia da modelação formal. Com a I Guerra Mundial (1914-1918) o escultor regressa a São Miguel, onde participa na XII Exposição da SNBA, em Ponta Delgada com a obra Tristeza (1915). No ano seguinte, apresenta na XIII Exposição da SNBA a grande estátua Desespero da dúvida, obra marcada pelo intenso realismo da figura, porém tratada plasticamente com uma inequívoca modernidade. Ainda em 1916, Canto da Maia parte para Madrid, onde trabalhará durante um ano no atelier do escultor castelhano Julio Antonio Rodríguez Hernandez. Nos anos seguintes regressa a Ponta Delgada – onde executa um conjunto de baixos-relevos para o Coliseu Micaelense (1917) e para o Palácio Jácome Correia (1918) – e a Lisboa, onde apresentará a sua primeira exposição individual no Salão Bobone (1919). Em 1920 parte para Paris, onde permanece até 1937, ano em que o eclodir da II Guerra Mundial o obriga a regressar a Lisboa. Neste período participa em numerosos salões em Paris e integra a Exposição de Arte Francesa e Contemporânea de Tóquio e Osaka (1926), produzindo obras de carácter decorativo, que denotam o gosto urbano e cosmopolita da Art Déco e, simultaneamente, o interesse por uma vida íntima. Datam deste período obras como Bendito o fruto do vosso ventre (c.1922) ou Adão e Eva (c. 1929). O regresso a Portugal é marcado pelas encomendas oficiais, primeiro para o Pavilhão de Portugal na Exposição Internacional das Artes e das Técnicas da Vida Moderna (Paris, 1937), e depois para a Exposição do Mundo Português (Lisboa, 1940). Para estas exposições realiza retratos, algo míticos, de grandes figuras da História de Portugal, como Infante D. Henrique (1937), Afonso de Albuquerque (1937) ou o grupo escultórico D. Manuel I, Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral (1940). Em 1943, o escultor é reconhecido publicamente com uma exposição retrospectiva organizada pelo Secretariado de Propaganda Nacional e no ano seguinte recebe o Prémio de Escultura Manuel Pereira. Em 1946, Canto da Maia regressa a Paris, onde permanece até 1953. Nesse ano, volta definitivamente para os Açores e integra a representação de Portugal na 2.ª Bienal de Arte Moderna de São Paulo. Nos anos seguintes projecta alguns monumentos públicos e participa em diversas exposições, das quais se destacam a exposição “Arte Portuguesa do Naturalismo aos nossos dias” (Bruxelas, Paris e Madrid, 1967-68) e a exposição retrospectiva no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada (1976). Ernesto Canto da Maia morre em Ponta Delgada a 5 de Abril de 1981. http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68118